Aquicultura ao largo como adaptação às alterações climáticas nas zonas costeiras: tendências da temperatura à superfície do mar no Mediterrâneo Ocidental

Estima-se atualmente que o aquecimento da superfície do mar Mediterrâneo tenha sido de 0,4 °C por década no período 1985-2006, e o aumento da temperatura da água pode ter afetado negativamente a aquicultura marinha, por exemplo, através da diminuição da produtividade. O desenvolvimento da aquicultura sem um planeamento adequado pode conduzir a uma viabilidade económica insustentável devido a futuros fatores de stress climáticos. Neste sentido, a maricultura offshore pode ser uma alternativa para atenuar o efeito do aquecimento costeiro. O objetivo deste estudo consistia em avaliar a adequação da costa em termos de aquecimento global e de tendências da temperatura da superfície do mar nos locais em que a aquicultura de peixes está atualmente a ser desenvolvida, bem como as alterações espaciais das anomalias térmicas até 30 km da costa, durante os últimos 31 anos no Mediterrâneo Ocidental (costa espanhola). Este estudo foi realizado utilizando as informações do serviço marítimo Copernicus da UE, abrangendo o período 1981-2018, com uma resolução espacial de 4 × 4 km. Os resultados mostram que, ao longo da última década, o ambiente costeiro mediterrânico ao largo da Península Ibérica registou um aumento da temperatura de cerca de 1 °C devido às alterações globais, com um padrão latitudinal claro modificado por processos oceanográficos mesoescala. O desenvolvimento da aquicultura ao largo em algumas latitudes atenua os efeitos adestivais extremos nas temperaturas das águas superficiais. Os planos estratégicos para o desenvolvimento da aquicultura devem poder prever e incorporar futuras projeções climáticas e condições oceanográficas locais, e a aquicultura ao largo pode constituir uma alternativa em algumas regiões, dependendo das condições oceanográficas locais.